São Paulo – A história de recuperação do Brasil é um caso de “copo meio cheio, copo meio vazio”, segundo Shelly Shetty, Diretora Sênior e Co-Head de Ratings Soberanos das Américas da Fitch Ratings.
O diagnóstico foi dado em um evento da agência de classificação de risco em São Paulo nesta quinta-feira (06).
Do lado do copo cheio, ela cita indicados mais positivos como a melhora no mercado de trabalho e no ciclo de crédito, assim como na emissão de títulos corporativos.
“Finalmente estamos vendo uma recuperação mais sustentada do investimento”, disse ela. “Isso será noticia boa não só para recuperação cíclica, mas para aumentar o potencial de crescimento”.
A Fitch calcula esse potencial em 2% por ano, considerado baixo, e prevê que esta será a alta do PIB em 2020. O número está um pouco abaixo da média do mercado financeiro, que é de 2,3%.
Outra boa notícia, segundo Shelly, é que a dívida pública estabilizou e tem perfil de vencimento curto, o que significa que ela será rapidamente refinanciada em taxas mais baixas.
Um ponto de atenção, no entanto, é o déficit em conta corrente, o rombo nas contas externas, que fechou 2019 a 50,762 bilhões de dólares, alta de 22,2% sobre 2018 e no pior dado em quatro anos.
Ela também lembrou que o país tem dificuldade de responder a choques econômicos por causa de algumas fraquezas estruturais, como a carga tributária alta e a rigidez do Orçamento, que tem 90% de despesas obrigatórias.
Segundo Shelly, as reformas fiscais estão na visão e direção correta, mas há dúvida sobre “escopo, profundidade e timing”. O motivo é que o presidente Jair Bolsonaro não tem uma base estável no Congresso, marcado por altíssima fragmentação partidária, e o ano é de eleições municipais.
Shelly também falou sobre o prazo para o Brasil recuperar o grau de investimento, espécie de “selo de bom pagador” que o Brasil perdeu no fim de 2015. De lá para cá, a nota sofreu outros dois rebaixamentos, até chegar ao nível atual de BB- com perspectiva estável.
Ela lembrou que a média é de seis anos para os países que perderam o grau de investimento o recuperaram, mas que países com Colômbia e Uruguai demoraram. Os prazos citados sugerem que a volta do grau do investimento no Brasil poderia ocorrer em algum momento entre 2021 e 2026.
Recuperação do Brasil é “copo meio cheio, meio vazio”, diz Fitch Ratings publicado primeiro em https://exame.abril.com.br/
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