O presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou despacho que torna sem efeito a nomeação do professor Carlos Alberto Decotelli para o cargo de ministro da Educação. A medida está na edição desta quarta-feira (1º) do Diário Oficial da União.
O docente levou nesta terça-feira (30) pessoalmente sua carta de demissão a Bolsonaro após virem à tona diversas falhas em seu currículo. Ao menos três instituições de ensino superior desmentiram o até então titular do MEC quanto aos títulos acadêmicos publicados por ele em seu histórico profissional.
Em entrevista à CNN Brasil, Decotelli disse que o que motivou sua demissão do cargo foi a nota publicada na terça pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na qual a instituição de ensino nega que ele tenha sido professor efetivo da instituição.
O ciclone extratropical que fez estragos em cidades da região Sul ontem pode continuar causando ventos fortes na região nesta quarta-feira, 1.
A previsão da Defesa Civil é que o ciclone se desloque para o oceano hoje, mas, até o fim da tarde, ainda há chance de haver novas rajadas fortes de vento, superando os 100km/h.
O mar também deve seguir agitado e com ondas que podem passar de quatro metros e até sete metros. A recomendação é que moradores das regiões afetadas evitem o mar, que deve ficar mais revolto.
Na terça-feira, 30, o ciclone causou ventos de mais de 100km/h, derrubou árvores e gerou até explosões em cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul (veja vídeos dos moradores).
Muitos moradores ficaram sem energia elétrica e empreendimentos como bares e restaurantes registraram nas redes sociais imagens de danos nos locais.
Ao menos três pessoas morreram em Santa Catarina, segundo boletim do Corpo de Bombeiros Militar, até às 18 horas. Uma senhora morreu na cidade de Chapecó atingida por uma árvore, um homem em Santo Amaro da Imperatriz ao ser atingido por fios de alta tensão e uma terceira morte, na cidade de Tijucas, foi ocasionada por um desabamento devido às chuvas.
O mesmo ciclone chegou a São Paulo, embora com efeitos menores. Na capital paulista, foram registrados ventos de mais de 50km/h, e mar revolto no litoral. O ciclone também foi responsável por fazer cair as temperaturas.
O que é o super ciclone no Sul
Ciclones extratropicais como o que atinge a região Sul são resultado de baixa pressão atmosférica e são relativamente comuns. No geral, eles cruzam regiões continentais (como aconteceu nos estados do Sul) até chegarem ao oceano, onde perdem força.
Já as frentes frias causadas pelo ciclone são resultado da chuva e dos ventos fortes que o fenômeno gera.
Quando o ciclone chegar ao oceano, o mar também segue agitado, não só na região Sul mas em outras faixas do litoral brasileiro no Sul e no Sudeste, como em São Paulo e Rio de Janeiro.
A chegada do ciclone já estava prevista por serviços de monitoramento, que emitiram na terça-feira um alerta para os três estados da região Sul. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) disse que havia “risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos”.
Segundo o Inmet informou à BBC Brasil, outro ciclone desse tipo já havia atingido o Rio Grande do Sul há cerca de um mês, mas, naquela ocasião, foi mais fraco — os efeitos foram parecidos com os que São Paulo teve dessa vez, com queda de temperatura.
O primeiro trimestre de 2020 foi marcado pelo baque com os efeitos da pandemia do coronavírus. O segundo, por uma euforia com preços baixos, com estímulos de bancos centrais e com a possibilidade de uma retomada em V na economia. Qual será o tom dos investidores nas bolsas mundo afora no terceiro trimestre do ano, que começa nesta quarta-feira.
O pregão de ontem trouxe a confirmação de recordes na Europa e nos Estados Unidos. O índice europeu Euro Stoxx 600 teve seu melhor trimestre desde março de 2015, com alta de 12,6% desde o início de abril — fechando junho com queda de 13,3% no ano. O americano S&P 500, por sua vez, subiu ainda mais: 19,95%, no melhor trimestre desde 1998, marcando uma queda de apenas 4% no ano.
No Brasil, o Ibovespa fechou junho em alta de 8,76% e o trimestre com uma incrível valorização de 30%. Ainda assim, está 20% abaixo da pontuação do início do ano (118.500).
As próximas semanas, e meses, devem ser marcadas por uma atenção dupla às notícias econômicas e às ondas de contágio da covid-19. No campo econômico, os Estados Unidos apresentaram bons dados de confiança do consumidor e anunciaram empréstimos de 140 bilhões de dólares a restaurantes e hotéis. A China anunciou hoje que a atividade industrial cresceu em maio no maior ritmo desde dezembro. No Brasil, a taxa de desemprego, de 12,9%, veio em linha com as projeções. E o governo anunciou ontem a renovação do auxílio emergencial de 600 reais, o que tende a impulsionar o comércio nas próximas semanas.
O problema, claro, é a pandemia do coronavírus. Países que reabriram a economia, como China e Alemanha, viram um retorno nos casos da covid-19. Os Estados Unidos ontem bateram pela quarta vez em duas semanas o recorde diário de novos casos, com 47.000. Ao menos 34 estados têm aumento no número de casos após a reabertura das atividades com o início do verão. O imunologista Anthony Fauci, conselheiro da Casa Branca, afirmou que o país pode chegar a 100.000 casos diários.
O Brasil teve ontem mais 1.271 mortes e 37.997 novos casos da covid-19 em 24 horas, levando o total de mortes a 59.656 e o de casos a mais de 1,4 milhão. A pandemia, infelizmente, não deve desaparecer no terceiro trimestre — e pode segurar parte da euforia dos investidores.
A reabertura das escolas municipais, prevista para o início de agosto, e a dos colégios particulares, cuja retomada esta sendo discutida para julho, é condenada por especialistas da Fiocruz. A entidade divulgou na segunda-feira, mesmo dia em que a prefeitura do Rio lançou os protocolos de adequação sanitária que deverão ser seguidos pelas instituições de ensino, um documento recomendando que as atividades presenciais em colégios não aconteçam neste momento.
Segundo especialistas da fundação, indicadores considerados chaves para a volta às aulas, como a baixa taxa de contágio e a oferta de mais de 30% de leitos vagos de UTI, não foram ainda atendidos. Além disso, a retomada das atividades de alunos, professores e funcionários da rede municipal e privada levaria às ruas cerca de um milhão de pessoas, o que poderia, segundo eles, acarretar ainda mais aglomerações no transporte público.
O documento, com base em números da Secretaria municipal de Educação, diz que o maior impacto seria com o retorno da rede pública. São 690 mil pessoas que voltarão a circular: 39,8 mil professores, 13,8 mil funcionários administrativos e 641,5 mil estudantes. Somadas as escolas particulares, o número chegaria a um milhão de pessoas.
Outra dado preocupante, apontam os especialistas, é a taxa de contágio do novo coronavírus, atualmente de 1,48. De acordo com a Fiocruz, o ideal, para não pôr em risco crianças, adolescentes e funcionários, é que o índice esteja abaixo de 0,5.
— As escolas, como um todo, estão lidando com crianças e jovens, que têm maior dificuldade de atender ao regulamento sanitário. Um único aluno com sintomas gripais pode espalhar o vírus — diz o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Hermano Castro, um dos autores do documento.
O estudo também alerta que a ocupação das UTIs ainda é alta. A Fiocruz diz que no último domingo a taxa de ocupação de leitos de Covid adulto era de 91% em unidades da rede municipal. O ideal seria, diz o documento, reabrir escolas quando 30% dos leitos estivessem vagos. A prefeitura, no entanto, diz que esse percentual já foi atingido, pois a regulação dos pacientes é feita também com unidades do estado e federais.
Sem papel higiênico
Outro problema é o despreparo das escolas. Para o coordenador-geral do Sindicato de Profissionais de Educação do Rio de Janeiro , Alex Trentino, os protocolos da prefeitura, que, entre outras medidas, exigem disponibilização de álcool gel e dois metros de distanciamento entre os alunos, são impossíveis de serem postos totalmente em prática:
— Hoje, se você entrar numa escola pública, verá que ela não tem nem papel higiênico. Não há condições sanitárias para a reabertura acontecer. E não é só o colégio: tem o trajeto. Muitos alunos saem da Rocinha para estudar em Botafogo. Como se garante a segurança deles?
Papel das crianças na transmissão do vírus ainda é incerto
As crianças são uma das principais incógnitas sobre a Covid-19. Não há certeza ou consenso sobre o seu papel na transmissão do coronavírus, e justamente por isso especialistas pensam que este não é o momento de reabrir as escolas no Rio de Janeiro.
Embora crianças e adolescentes até 18 anos constituam cerca de 2% dos casos confirmados de Covid-19 no Brasil e no mundo, o número de infectados nesta faixa etária é desconhecido porque a maioria é assintomática ou apresenta sintomas brandos. Além disso, pondera o pediatra Gary Wong, da Universidade Chinesa de Hong Kong, na revista “Nature”, um dos prováveis motivos para a taxa de infecção ser aparentemente baixa nas crianças é que elas foram menos expostas ao coronavírus justamente porque as escolas estão fechadas. Wong considera testagem maciça condição essencial para a reabertura de colégios.
As crianças são comprovadamente transmissoras importantes de vírus respiratórios, mas são minoria dos casos médios e graves de Covid-19, o que leva alguns especialistas a supor que também não sejam transmissoras eficientes do coronavírus. Por que isso acontece não se sabe.
Focos após reabertura
Estudos pequenos e experiências de países que reabriram as escolas, como Alemanha, Dinamarca, Austrália e França, sugerem que as crianças, aparentemente, contraem e espalham menos o coronavírus até os 10 anos de idade. Depois, diz o infectologista Alberto Chebabo, diretor médico do Hospital Clementino Fraga Filho, a capacidade de transmissão parece ser semelhante à dos adultos:
—Em Israel, onde as escolas reabriram, elas se tornaram focos da Covid-19, principalmente as de Ensino Médio. Não vejo problema para as crianças pequenas propriamente ditas, mas sim pelo que creches e escolas representam em aumento da mobilidade. Por isso, por ora, todas deveriam permanecer fechadas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não existem certezas sobre o papel das crianças na transmissão. O epidemiologista da OMS Olivier le Polain declarou ao site americano Stat que somente a testagem em massa pode medir o potencial de transmissão das crianças.
Ele salienta que é preciso distinguir as crianças de até 10 anos das mais velhas e adolescentes. Um estudo pequeno realizado em Genebra, na Suíça, e publicado na “Lancet” indicou que as crianças mais novas têm baixa taxa de infecção. Mas as de 10 a 19 anos têm os mesmos níveis de anticorpos que os de adultos de 20 a 49 anos.
A morte do norte-americano George Floyd por um policial em Minneapolis (EUA), no dia 25 de maio, deflagrou uma série de protestos, não apenas nos Estados Unidos, mas em outras partes do mundo, incluindo o Brasil. Trazem à tona o combate ao racismo e propõem maneiras de promover a equidade racial. O debate ganhou força nas redes sociais e nas ruas em meio à maior pandemia dos últimos tempos. EXAME preparou uma lista com três livros de autores negros brasileiros que abordam a temática racial e ajudam a democratizar ainda mais a luta antirracista.
Não. Ele, Não Está (Appris Editora), de Maíra de Deus Brito
“Infelizmente, meu livro está mais atual que nunca. O genocídio da população negra continua, assim como o extermínio da juventude negra”, diz Maíra de Deus Brito, de 33 anos, jornalista e autora de Não. Ele Não Está. O livro, lançado em 2018, denuncia o assassinato de jovens negros pela mão armada do estado. A ótica, no entanto, é a de quem sobreviveu, as mães. “Interessa saber quem são as mães que estão vendo as vidas de seus filhos abreviadas precocemente e de maneira tão violenta e quais são as percepções delas sobre a influência da raça, do gênero e da classe nessas mortes”, afirma Maíra.
O livro é fruto do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da UnB. “Foi desafiador encontrar uma linguagem que fosse ao mesmo tempo acessível e não totalmente fora dos padrões da academia. Costumo dizer que é um trabalho que anda na corda bamba da linguagem, o que é muito bom”, avalia. “A escrita traz os elementos acadêmicos, cumprindo o papel de dialogar com o que outras pessoas estão produzindo nas universidades, mas tem uma leitura fluída e mais humanizada. Eu precisava fazer com que todo mundo entendesse o que estava escrito ali. Não podia dialogar apenas com meus pares”. E a forma encontrada para aproximar o leitor da história foi se colocar nela: “Eu acredito muito na escrita afetiva e me colocar ali era uma forma de levar os leitores e leitoras para o que eu vi e vivi”.
Para produzir a obra, Maíra passou cerca de uma semana em comunidades do Rio de Janeiro entrevistando as personagens. Para marcar os encontros, recorreu a uma grande aliada, a internet. “Ela tem coisas boas e ruins, e entre as boas está a facilidade de comunicação com pessoas de qualquer parte do mundo. Conversei com amigos e amigas sobre quem poderia entrevistar e foram me indicando nomes. Entrei em contato com Ana Paula e Aparecida [duas das entrevistadas] por meio de redes sociais”, conta.
Os protestos motivados pela morte de Floyd tornam o número de pessoas negras assassinadas pela polícia no Brasil ainda mais evidente. O mais recente estudo publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que 75,4% das vítimas da letalidade policial no Brasil são negras. No Rio de Janeiro, pano de fundo de Não. Ele Não Está, pretos e pardos somaram 78% dos mortos por intervenção policial no ano passado, segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ).
Diz Maíra: “Jovens negros brasileiros estão morrendo de várias maneiras. Assassinados por agentes do Estado, em conflitos com civis e em hospitais sem estruturas, por exemplo. A polícia brasileira é a que mais mata, mas também a que mais morre”. A fala da autora vai de encontro com os dados apresentados no 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, redigido pelo FBSP: 51,7% dos 726 policiais mortos entre 2017 e 2018 eram negros.
Lançado pela editora Appris, Não. Ele Não Está pode ser comprado na internet em formato físico ou digital ou adquirido diretamente com a autora, que já vendeu mais de 300 exemplares dessa forma. “É um livro com um tema doloroso e necessário. Depois do lançamento, tive a certeza que escrevê-lo foi uma decisão acertada, pois havia muita gente que nunca tinha parado para pensar sobre a quantidade de jovens negros mortos no Brasil”, resume ela.
Obra de Maíra de Deus BritoDivulgação/Divulgação
Você Morre Quando Esquecem Seu Nome (Bissau Livros), de Flávio VM Costa
O jornalista baiano Flávio VM Costa, de 37 anos, usou a ficção para denunciar o racismo e a violência policial contra negros em seu segundo livro de contos, Você Morre Quando Esquecem Seu Nome, lançado em fevereiro. A obra, no entanto, carrega experiências pessoais. Diz ele na abertura: “Sou um preto diferente porque nunca perdi um amigo para a violência. Nunca tinha perdido, quero dizer”. O trecho inicial relata o assassinato de um amigo pessoal. “Meu amigo de infância, Henrique, morreu assassinado em 2018 por traficantes do bairro onde cresci, Pernambués, um dos maiores de Salvador”, escreve. Morto com mais de dez tiros, Henrique inspirou o primeiro conto, “Chorar um amigo”. “Pernambués é um bairro periférico, com seus bolsões de miséria, mas eu nunca tinha passado por essa experiência de perder um amigo daquela forma. O conto foi a maneira que encontrei de expressar minha perplexidade”, revela o autor.
Há outros traços biográficos na escrita. “Com algumas exceções, os contos são permeados de lembranças, de fatos vividos por mim ou por outras pessoas. Sempre usei na minha ficção dados da realidade. Porém, ressalto, não importa em um texto ficcional a base factual por si mesma. Importa como o escritor consegue transformar a vivência pessoal em uma experiência estética”, defende.
Com todas as histórias do livro se passando na Bahia, o encontro entre a ficção e a realidade colide com o aumento de mortes reais na região. Os números do Atlas da Violência de 2019 revelam que os homicídios no Brasil cresceram, de 2007 a 2017, 2,8 vezes mais no Norte e no Nordeste do que a média nacional. Uma pesquisa de 2017, do mesmo instituto, afirma que 5.446 negros foram vítimas de homicídio na Bahia. Questionado se seu livro se torna mais relevante diante do atual estágio da luta antirracista, Flávio afirma: “Eu não o escrevi com objetivo de catequizar mentes, pois me vejo como um contador de histórias, não como um pregador. Porém o racismo é o grande tema da experiência brasileira. Todos os nossos problemas principais passam pela desigualdade racial, pelo racismo institucionalizado”.
“Tenente Marcus”, um dos contos, foi vencedor do concurso literário internacional Prada Feltrinelli Prize, na Itália, em 2016. Fizeram parte do júri o cineasta Gabriele Salvatores e a escritora americana A. M. Holmes. “Todo prêmio serve, sobretudo, para ampliar o alcance do trabalho. Mas nenhum escritor que se respeite escreve para ganhar prêmios. Eu os vejo como presentes inesperados”, diz Flávio, com certa modéstia.
Flávio VM Costa, autor de “Você Morre Quando Esquece Seu Nome”Divulgação/Divulgação
Quando Me Descobri Negra (SESI-SP Editora), de Bianca Santana
“Tenho 30 anos, mas sou negra há apenas dez. Antes, era morena”. É dessa forma impactante que a jornalista Bianca Santana, de 35 anos, inicia o livro Quando Me Descobri Negra. O relato autobiográfico é baseado em um texto escrito por ela em 2005, mas publicado na internet só em 2013.
A ideia de escrever um livro sobre si própria veio de um jogo de búzios. “Por muitos anos eu fiquei nesse lugar de jornalista que entrevistava as pessoas e contava as histórias delas. Em um jogo de búzios, em 2013, eu fui orientada a publicar, com mais frequência, textos que traziam a minha própria experiência”, lembra. E foi escrevendo textos pessoais no site HuffPost Brasil que o primeiro rascunho de Quando Me Descobri Negra veio ao mundo. “Postei o texto no blog sem nenhuma intenção de publicar um livro. Em 2014, a editora Renata Nakano me procurou perguntando se eu não queria lançar uma reunião de todos os meus textos daquele blog, além de materiais inéditos”, conta.
O fio condutor da obra é a conscientização negra. Mas o livro também aborda os impactos do colorismo, termo que resume o fato de quanto mais pigmentada for a pessoa negra, mais exclusão e discriminação ela irá sofrer. Para Bianca, o processo de descoberta da sua negritude foi primordial para a escrita que, de certa forma, tem ajudado outras pessoas nessa jornada de descoberta negra. “Os meus processos de me perceber negra pareciam interessantes pra mim, eu não tinha dimensão exata de que compartilhá-los era também uma forma de incentivar outras pessoas”, diz.
Em 2005, a população brasileira foi estimada em 184,4 milhões de pessoas. Do total, 91 milhões se declararam da cor preta/parda, enquanto 92 milhões se disseram brancos. Já na última pesquisa do IBGE, de 2019, dos 209,2 milhões de habitantes, 108,9 se declararam pretos ou pardos, o equivalente a 56,10% da população. “Acredito que os dados mudaram por conta de uma tomada de consciência negra. Nos anos 1980 existiu uma campanha do movimento negro chamada ‘Não deixe sua cor passar em branco’ para as pessoas realmente se auto declararem com consciência”, lembra a jornalista.
Lançado em 2015, Quando Me Descobri Negra foi vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Ilustração, a cargo de Mateu Velasco. O livro também foi bem aceito pelo público. “Somando vendas em livrarias e aquelas para distribuição em escolas já são mais de 100 mil exemplares comercializados”, comemora a autora, que já prepara o próximo livro. Será a biografia da filósofa, doutora em educação, escritora e ativista da luta antirracista Sueli Carneiro.
Nesta quarta-feira (1), a União Europeia está reabrindo suas fronteiras para visitantes de 14 países considerados mais seguros em termos do manejo da pandemia do coronavírus. Entre os países cujos cidadãos e residentes são bem-vindos pelos europeus estão Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia e Uruguai. O Brasil, claro, o segundo país com maior número de casos de covid-19 no mundo, está fora da lista.
Nessa situação, o melhor a fazer para quem quer viajar é procurar destinos mais próximos, dentro do próprio país (o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, por exemplo, reabre para o público nesta quarta-feira). Mas quem estiver desesperadamente querendo carimbar o passaporte já encontra alguns destinos internacionais. As principais opções estão no Caribe, região muito dependente do turismo que está gradualmente retomando a atividade.
Um desses países são as Bahamas, que voltam a receber turistas estrangeiros de qualquer origem a partir de hoje. Os visitantes devem preencher previamente um questionário no site oficial de turismo do país, informando suas condições de saúde. Ao desembarcar no país, devem apresentar um teste negativo de covid-19 realizado nos sete dias anteriores (crianças com até 2 anos não precisam fazer o teste). Os viajantes terão sua temperatura medida no aeroporto. Quem apresentar sintomas da doença será reavaliado em uma área de quarentena e, conforme o caso, poderá ter sua entrada negada.
Outro país caribenho que está reabrindo para o turismo internacional a partir de hoje é a República Dominicana, que costuma atrair grande número de brasileiros todos os anos por causa de Punta Cana, área de concentração de resorts. Os hotéis da região adotaram protocolos rígidos de segurança para manter o distanciamento social dos hóspedes. A maioria dos estabelecimentos deve operar com menos de 50% da capacidade e liberar o restante somente em novembro.
Também no Caribe, a Jamaica começou a receber visitantes estrangeiros desde 15 de junho. Para entrar no país, os interessados devem preencher um formulário no site oficial de turismo e aguardar a emissão da autorização. Somente com essa autorização será possível desembarcar no país. E os visitantes só poderão se hospedar em hotéis já liberados num corredor litorâneo que fica entre as cidades de Negril e Port Antonio.
Para quem procura destinos mais exóticos, o Egito começa a receber hoje voos charters internacionais, permitindo que estrangeiros de qualquer país possam visitar inicialmente destinos turísticos em regiões menos afetadas pelo coronavírus, como a parte sul da Península do Sinai, as áreas de resort de Hurghada e Marsa Alam, no Mar Vermelho, e de Marsa Matrouh, na costa do Mediterrâneo. O Egito é o país árabe mais atingido pelo coronavírus. Até agora, foram confirmados 68.300 casos e quase 3.000 mortos, concentrados na capital, Cairo, e em out ras gran des cidades.
Destino turístico ainda pouco explorado, Camboja, no sudeste asiático, também está aceitando turistas de qualquer nacionalidade interessados em conhecer suas construções históricas e praias paradisíacas. Mas é bom estar ciente de que, ao chegar ao país, os visitantes precisam fazer um depósito no valor de 3.000 dólares para cobrir possíveis despesas com o coronavírus. Eles são levados do aeroporto até um centro de triagem, onde são submetidos a um teste de covid-19. Se alguém testar positivo, todos os passageiros no mesmo voo ficam em quarentena. Segundo as autoridades sanitá ;rias, o depósito feito na chegada serve para cobrir as despesas médicas, das refeições, da hospedagem e, eventualmente, do serviço de cremação, que custa 1.500 dólares.
Entende-se a precaução dos cambojanos. Com pouco mais de 15 milhões de habitantes, o país asiático teve até agora 141 casos de covid-19 e nenhum óbito. A maior parte dos casos confirmados foi de visitantes do exterior.
Entregadores de aplicativos realizam hoje uma paralisação em todo o país por melhores condições de trabalho em meio à pandemia de covid-19. Dentre as reivindicações do movimento estão maior pagamento pelas corridas, seguro de vida para roubos e acidentes e verba para comprar equipamentos de proteção pessoal, como máscaras e luvas.
A categoria pede que clientes de aplicativos de entrega, como iFood, Rappi e Uber Eats, não façam pedidos nesta quarta-feira e deixem comentários para os apps, como forma de pressionar essas empresas para melhorar as condições de trabalham dos entregadores.
Uma pesquisa recente publicada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 15a Gegião mostra que, durante a pandemia, 62% dos entregadores entrevistados declararam trabalhar mais de 9 horas por dia, ante 57% que trabalhavam mais de 9 horas antes da pandemia. A maioria dos entrevistados (59%) relatou ainda queda na remuneração. A redução ocorreu mesmo para aqueles que mantiveram o mesmo número de horas trabalhadas. Para os pesquisadores, o aumento no número de entregadores puxou para baixo a remuneração.
O Ministério Público do Trabalho definiu em abril medidas a serem tomadas por empresas de delivery na pandemia. Definiu, por exemplo, que as companhias forneçam para o entregador álcool em gel, locais para lavar as mãos com sabão e papel toalha, espaço e serviço de higienização para os veículos e água potável. Ainda assim, sindicatos da categoria afirmam que as medidas não foram totalmente adotadas.
A paralisação de hoje não é o primeiro protesto de entregadores no país desde o início da pandemia. Em abril, eles realizaram uma manifestação com motos, bicicletas e patinetes na avenida Paulista, em São Paulo.
Reportagem de capa da Exame em abril mostrou que a procura por aplicativos de entrega explodiu com a pandemia. No iFood, o número de candidatos para trabalhar na plataforma dobrou em março. Foram 175.000 inscrições naquele mês, ante 85.000 inscrições em fevereiro. A Rappi também reportou um crescimento de três vezes na demanda pelo app na comparação entre março e janeiro. Já o Uber Eats teve crescimento de dez vezes na base de restaurantes desde o início da pandemia.
O isolamento social fez com que o consumidor ampliasse o uso do delivery, aumentando as oportunidades para essas empresas, que têm sido procuradas por parceiros do varejo para entregar mais do que refeições, como compras de supermercado. “Vivemos a aceleração de um processo de descoberta do consumidor que aconteceria entre seis meses e dois anos”, disse Diego Barreto, vice-presidente de estratégia do iFood na reportagem.
Os entregadores, com a paralisação de hoje, esperam que a discussão sobre sua relação com as empresas também seja acelerada.