sexta-feira, 24 de julho de 2020

Receita abre terceiro lote do IR 2020. Veja como consultar

A Receita abre nesta sexta-feira, 24, às 9 horas, a consulta ao terceiro lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física 2020. Para saber se a declaração foi liberada, o contribuinte deverá acessar a página da Receita Federal na Internet.

Na consulta à página da Receita, no Portal e-CAC, é possível acessar o serviço Meu Imposto de Renda e ver se há inconsistências de dados identificadas pelo processamento. Nesta hipótese, o contribuinte pode avaliar as inconsistências e fazer a autorregularização, mediante entrega de declaração retificadora.

Neste terceiro lote 3.985.007 contribuintes foram contemplados. O crédito será liberado no dia 31 de julho, totalizando 5,7 bilhões de reais. A restituição ficará disponível no banco durante um ano. Se o contribuinte não fizer o resgate nesse prazo, deverá requerê-la por meio da Internet, mediante o Formulário Eletrônico – Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no Portal e-CAC, no serviço Meu Imposto 

Caso o valor não seja creditado, o contribuinte poderá contatar pessoalmente qualquer agência do BB ou ligar para a Central de Atendimento por meio do telefone 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.

Calendário

Este ano, a Receita reduziu o número de lotes de pagamento, passando de sete para cinco. Os dois primeiros já foram pagos. Veja o calendário abaixo:

Veja o cronograma da restituição

Lote             Data
1º lote            29/05
2º lote            30/06
3º lote            31/07
4º lote            28/08
5º lote            30/09

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Fim de semana: 5 filmes do streaming para assistir em casa

Com a proximidade do fim de semana, é a hora de escolher os filmes do streaming para assistir no conforto de casa. Entre as novidades de plataformas como Netflix, HBO Go e Google Play Filmes estão o mais recente filme de Terrence Malick, “Uma Vida Oculta”, o sucesso “Coringa” e o original Netflix “Ninguém Sabe Que Estou Aqui”. Confira:

Uma Vida Oculta

Direção de Terrence Malick. Com August Diehl, Valerie Pachner, Maria Simon. No Google Play Filmes

Com estreia no Festival de Cannes de 2019, o mais recente filme do diretor americano Terrence Malick acaba de chegar ao streaming e traz a estética característica do diretor americano, que busca construir planos poéticos a partir da edição e do roteiro. Se em outros filmes como “De Canção em Canção” o foco eram as relações amorosas contemporâneas, dessa vez Malick conta uma história da Segunda Guerra Mundial. Franz Jägerstätter é um camponês austríaco católico e objetor de consciência que se recusa a jurar lealdade ao Terceiro Reich e a Hitler quando é convocado para lutar na Segunda Guerra. August Diehl interpretou um soldado alemão nazista implacável em “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino. Dessa vez, ele recusa a morte e não pretende abandonar sua mulher e seus três filhos para lutar em uma guerra sem sentido.

Cena do filme “Uma Vida Oculta”Fox Searchlight/Divulgação

Coringa

Direção de Todd Phillips. Com Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz. Na HBO Go

O filme mais indicado no Oscar 2020, com onze nomeações, chega à HBO Go. Joaquin Phoenix ganhou o Oscar de Melhor Ator ao interpretar o grande inimigo de Batman. Phoenix foi o quarto ator a encarnar “Joker” no cinema, mas o primeiro a ser o protagonista de seu próprio filme. Coringa é, antes, Arthur Fleck, um homem perturbado que tenta encontrar o seu lugar no mundo, mas logo lhe darão o empurrão que falta para abraçar o lado sombrio de vez. Robert De Niro interpreta o apresentador de TV Murray Franklin e sua cena final com Phoenix é o auge do filme.

Coringa interpretado por Joaquin PhoenixReprodução/YouTube

Luce

Direção de Julius Onah. Com Tim Roth, Naomi Watts, Octavia Spencer, Kelvin Harrison Jr. No Google Play Filmes

Esse filme, que adapta uma peça de J.C. Lee estreou no Festival de Sundance de 2019. O diretor Julius Onah ficou conhecido por dirigir “The Cloverfield Paradox”, terceiro filme da saga “Cloverfield”, mas deixa a fantasia ea a ficção-científica de lado para contar essa história dramática sobre um casal que precisa lidar com a ruptura da imagem perfeita que tinham do filho adotivo, vindo de uma Eritréia devastada pela guerra.

Cena do filme “Luce”Google Play/Divulgação

Ninguém Sabe Que Estou Aqui

Direção de Gaspar Antillo. Com Jorge Garcia, Lukas Vergara, Millaray Lobos. Na Netflix

Jorge Garcia, famoso pelo seriado “Lost”, estrela esse original Netflix que estreou no Festival de Tribeca em Nova York e é o primeiro filme original Netflix produzido no Chile. Garcia é Memo, que vive em uma zona rural remota do Chile, mas guarda um segredo: um voz magistral que poderia colocá-lo no panteão da música. Seu passado com a música, contudo, foi traumatizante, e logo a verdade de sua infância virá à tona.

Cena de “Nobody Knows I’m Here”Netflix/Divulgação

Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Direção de Jon Watts. Com Tom Holland, Samuel L. Jackson, Jake Gyllenhaal, Zendaya. Na Netflix

Depois de Tobey Maguire e Andrew Garfield, foi a vez de Tom Holland vestir o uniforme do Aranha. Nessa versão mais adocicada, própria dos filmes Marvel Studios, Peter Parker precisa encarar um novo vilão: o Abutre, que vem a ser o pai de sua amada do colégio. Robert Downey Jr. dá as caras como Homem de Ferro e ajuda a amarrar o enredo de “De Volta ao Lar” com os demais filmes do universo cinemático Marvel. O filme foi um sucesso de bilheteria a arrecadou mais de US$ 880 milhões.

Cena de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”Marvel/Divulgação

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Delivery de churrasco: aposta de restaurantes que veio para ficar

Os restaurantes paulistanos, aqueles que não se viram obrigados a fechar em definitivo com a quarentena, voltaram a receber clientes em seus salões. Mas com horários reduzidos e limitação de mesas, entre outras medidas para ajudar a frear a disseminação do novo coronavírus. E ainda há o receio que muita gente tem, com toda razão, de sair de casa para almoçar ou jantar. Por essas e por outras, deve demorar um bocado para os restaurantes voltarem a faturar o mesmo que antes da pandemia. Daí a importância de seguir apostando no delivery. Para churrascarias e casas de carnes, portanto, a entrega de cortes grelhados parece ter vindo para ficar.

A rede Corrientes 348, que pertence a Jair Coser, cofundador da Fogo de Chão, aderiu à tendência em maio. De sua unidade na Vila Olímpia, em São Paulo, a cadeia especializada em grelhados à moda argentina passou a despachar pedidas como bife ancho (152 reais) e de chorizo (102 reais). Os cortes, que podem saciar duas pessoas, viajam em embalagens vedadas e costumam ser entregues em temperatura aceitável — é só não demorar para sentar para comer. Opções de acompanhamento: farofa com ovos (34 reais) e polenta com queijo (49 reais). De entrada o restaurante expede, por exemplo, suas afamadas empanadas (12 reais cada); de sobremesa, panqueca de doce de leite com sorvete de creme (38 reais). Também é possível retirar os pedidos na unidade da Vila Olímpia, já reaberta, assim com outras filiais da rede.

Bife de Chorizo, do Corrientes 348<br />Bife de ChorizoWellington Nemeth/Divulgação

Outro grupo que voltou a receber clientes, mas não aposentou o delivery, é o Pobre Juan. Para duas pessoas, a rede entrega cortes como fraldinha (144,90 reais), bife ancho (160,40 reais) e de chorizo (152 reais), todos com direito a dois acompanhamentos, a exemplo do arroz biro-biro e da panelinha de vegetais. Para abrir o apetite as croquetas de jamón (20,90 reais) são uma ótima escolha, assim como a porção de mini-empanadas (24,90 reais). Os churros com doce de leite (19,80 reais) e a torta de chocolate (22 reais) fecham a refeição à altura. De olho em quem segue em regime de home-office, o restaurante criou combos de almoço que partem de 37,90 reais. O que inclui galeto desossado, salada da casa, risoto de abóbora com gorgonzola e churros com doce de leite custa 50 reais.

Carne do restaurante Pobre JuanPobre Juan/Divulgação

Do Cór, cujo cardápio é assinado pelo assador peruano Renzo Garibaldi, é possível solicitar a entrega da bisteca dry-aged com quarenta dias de maturação acompanhada de arroz biro biro e farofa de ovos com bacon (125 reais). Outras sugestões do restaurante no Alto de Pinheiros, mais um que retomou o atendimento presencial e também aposta do take-away: bife de chorizo (79 reais), fraldinha (79 reais), filé-mignon (68 reais) e bife ancho (89 reais), todos com os mesmos acompanhamentos da bisteca.

Fraldinha, do CórCór/Divulgação

Misto de restaurante e açougue refinado, o Feed, no Itaim, entrega aperitivos como linguiça na brasa (52,90 reais), pão de alho (27,90 reais) e dadinhos de tapioca com geleia de pimenta (27,90 reais). Para compartilhar com duas ou três pessoas, uma boa escolha é a tábua que reúne fraldinha, bife de chorizo e picanha e mais três acompanhamentos à escolha, caso da farofa de bacon com ovos (239,90 reais). Do Barbacoa, mais um endereço que reabriu seus salões, dá para pedir desde a porção de pão de queijo (25 reais), um clássico da churrascaria, até a incensada costela (115 reais).

Fotos pratos Feed em 31/10/2017. Fotos: Tricia VieiraTricia Vieira/Divulgação

Os restaurantes que apostam na tendência

Feed Açougue — Rua Mario Ferraz, 547, Itaim Bibi, São Paulo. Tel. (11) 5627-4700/99290-2708. Aplicativos de delivery: iFood/UberEats/Rappi

Corrientes 348 — Rua Comendador Miguel Calfat, 348, Vila Olímpia, São Paulo. Tel. (11) 96642-4986. Aplicativo de delivery: Rappi.

Pobre Juan — Rua Comendador Miguel Calfat, 525, Vila Olímpia, São Paulo. Tel. (11) 2397-0099/98349-3399. Aplicativo de delivery: iFood

Cór — Praça São Marcos, 825, Alto de Pinheiros, São Paulo. Tel. (11) 3726-2908. Aplicativo de delivery: iFood

Barbacoa — Rua Dr. Renato Paes de Barros, 65, Itaim, São Paulo. Tel. (11) 3168-5522. Aplicativo de delivery: iFood

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Quarentena e mesa nova: empresas de móveis avançam na pandemia

O isolamento e o home office forçados pelo novo coronavírus levaram uma massa de trabalhadores a passar mais tempo em casa e um dos resultados indiretos foi a maior compra de móveis pela internet — tanto para adaptação à nova rotina de trabalho quanto para renovar e decorar a casa. A alta nas compras dessa categoria no online continua, mesmo passado os primeiros meses da pandemia.

O número de pedidos de móveis subiu 207% no acumulado em maio e junho na comparação com 2019, com 2,5 milhões de pedidos, segundo levantamento exclusivo feito pela empresa de inteligência de e-commerce Compre&Confie à pedido da EXAME. O faturamento do segmento na internet subiu 196% no período, para 1,5 bilhão de reais.

Tanto a alta em vendas na comparação com o ano anterior quanto o número de pedidos no biênio maio-junho foi inclusive maior do que em março-abril, no começo da pandemia. Em março e abril, a alta havia sido de 92% ante 2019, com 1,5 milhão de pedidos e 900 milhões de reais em faturamento (alta de 82%).

O levantamento engloba mais de 80% das compras feitas online no Brasil. Em ambos os biênios, os itens mais vendidos foram guarda-roupa, cadeira, sofá, cama e colchão. O ticket médio por compra fica em pouco mais de 600 reais.

“Logicamente não sabemos quando dessa penetração vai ficar, mas acreditamos que muito não vai voltar”, diz Daniel Scandian, presidente e co-fundador da startup especializada em venda online de móveis MadeiraMadeira. “O espaço para crescer segue grande: ainda num cenário super otimista, de 15% de penetração do e-commerce, ainda haverá 85% das pessoas no offline”.

Na MadeiraMadeira, o mês de abril foi 60% melhor do que março em vendas. Móveis para escritório e para quartos cresceram cerca de 90%. Já eletrodomésticos subiram 250%, com destaque para aparelhos de ar e ventilação e eletroportáteis.

Para dar conta da demanda, a Madeira vem contratando cerca de 100 pessoas por mês, e a projeção informada à EXAME no mês passado era chegar a mais de 300 novas contratações. A equipe tem hoje mais de 900 funcionários.

A crise e a necessidade de investimento em algumas frentes pegou a empresa num momento propício: a MadeiraMadeira havia acabado de receber, em setembro de 2019, um aporte de 110 milhões de dólares liderado pelo grupo japonês Softbank.

Na Mobly, também especializada no setor, outro destaque apontado foram as mídias sociais: houve até maio um aumento de 60% nas vendas provenientes de redes sociais na comparação com a projeção feita antes da pandemia.

A empresa vem usando a bem-sucedida estratégia de lives na quarentena também para os móveis, levando os clientes a visitas por apartamentos instagramáveis. Para atrair os compradores às transmissões, a empresa entrega cupons exclusivos. Os posts com maior engajamento nas redes sociais são ainda os da campanha #MoblyDoMeuJeito, que mostra casas de clientes usando os produtos da empresa. A busca de um móvel por imagem, lançada no ano passado pela empresa, cresceu mais de três vezes neste ano.

As empresas do setor também estão entre as startups que mais cresceram em buscas no Google durante a pandemia. A MadeiraMadeira teve alta de 70% em buscas entre março e abril de 2020, segundo estudo do Google, e a Mobly, de 52%.

Nas buscas, as startups de móveis ficaram à frente de empresas como a PetLove, de e-commerce de itens para animais de estimação, e Beleza Na Web, de cosméticos.

Na outra ponta, o crescimento trouxe também desafios, como o aumento do volume e buracos na cadeira logística — que, para móveis, já é mais complexa do que em alguns outros setores devido ao volume dos itens. “Vimos muitos desafios principalmente no começo da pandemia, muitos municípios com indústria fechada e tivemos que retirar produto do site, ou muita transportadora que fechou diante da crise. Mas nossa indústria conseguiu absorver isso”, diz Victor Noda, co-fundador e presidente da Mobly.

Cenário com móveis da Mobly: lives e apartamentos instagramáveis para vender pelas redes sociaisMobly/Divulgação

Vendas multicanal

Com as lojas físicas fechadas, a participação do online nas vendas totais de móveis teve um salto. A fatia, que ficava abaixo de 10% antes da pandemia, chegou a quase 21% em maio, segundo cálculos da Mastercard compilados pelo banco BTG Pactual. Na média do e-commerce, a penetração foi menor: chegou a 12%, ante cerca de 6% antes da pandemia.

Agora, para a retomada do comércio, as empresas também se voltam a suas estratégias multicanal, que já haviam sido iniciadas nos últimos meses.

A Mobly abriu em julho do ano passado sua primeira loja física, em São Paulo, que funciona como mostruário de alguns móveis e tem algumas centenas de peças menores em estoque.

Desde então, inaugurou também outra dezena de espaços, incluindo outlets (em que também são vendidos produtos que foram devolvidos por clientes ou com pequenas avarias) e lojas menores em bairros. A Mobly tem hoje lojas em bairros mais afastados do centro de São Paulo e cidades nos arredores, como Campinas e Guarulhos.

Os espaços das lojas podem atuar como estoque avançado para entrega expressa, outro fator que as empresas esperam usar para impulsionar a qualidade e aceitação das vendas online.

Antes da pandemia, a MadeiraMadeira também havia lançado neste ano em Curitiba sua primeira loja física, no modelo de showroom, sem estoque.

A Leroy Merlin, de materiais de construção, móveis e decoração, também afirma que prevê crescer de 7% a 8% neste ano, com vendas chegando a 6 bilhões de reais, segundo entrevista anterior à EXAME. Em uma das lojas, na zona norte de São Paulo, o movimento dobrou em relação a antes do isolamento, mesmo durante a quarentena, incluindo com estratégias multicanal. O e-commerce ainda responde por só 6% do faturamento, mas também foi um dos grandes destaques na pandemia: os pedidos online foram de 80 por dia antes da quarentena para 700 diários.

Crise para todos

O setor de móveis também enfrenta os desafios inerentes à crise econômica, como o desemprego no Brasil, a retração da economia e o foco dos consumidores em bens essenciais, como alimentação e saúde. Comprar um sofá novo, nesse contexto, pode ser um plano classificado com a alcunha de supérfluo no médio prazo.

No acumulado do ano, a categoria de móveis tem queda de 9,3% nas vendas entre janeiro e maio, segundo os últimos dados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, divulgada neste mês. No acumulado da categoria móveis e eletrodomésticos, a queda cai para 7,1%.

Contudo, após o fundo do poço de março e abril, a categoria cresceu 47,5% em maio na comparação com abril. Podem ser sinais de uma retomada mais consistente do varejo como um todo, que cresceu acima das expectativas dos analistas em maio (últimos dados disponíveis do IBGE).

Para as empresas que apostam no crescimento do comércio eletrônico, a expectativa é que a retomada do setor aconteça, mas mantendo o interesse dos clientes pelas compras na internet.

“Eu vi recentemente uma análise muito interessante: a tecnologia crescia em uma velocidade exponencial, mas não a adaptação das pessoas à tecnologia”, afirma Scandian, da MadeiraMadeira. “Agora, no e-commerce e em muitos produtos digitais, houve uma aceleração da frente de adaptação das pessoas, o que é essencial não só agora mas para o nosso futuro.”

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Conheça a iClinic, a mais nova startup brasileira investida pelo SoftBank

O momento não poderia ser mais promissor para as healthtechs, startups especializadas na área de saúde. Durante a pandemia, soluções que facilitam a vida de médicos e pacientes tiveram espaço para crescer. Com a iClinic, não foi diferente. A startup brasileira, que oferece uma plataforma de gerenciamento de clínicas médicas, acabou de fechar a sua rodada de investimento série B com um cheque assinado pelo fundo para América Latina do conglomerado japonês SoftBank.

“Acreditamos que a iClinic é quem está melhor posicionada para liderar a digitalização do setor de saúde no Brasil, que se encontra em um ponto de inflexão na atual pandemia, afirma o diretor do SoftBank Group International, Felipe Rodrigues Affonso.

O valor aportado não foi divulgado pela empresa, mas este não é o primeiro investimento que a startup recebe. Em janeiro de 2018, a iClinic havia recebido um aporte da família Moll, da rede Rede D’Or São Luiz. Com o capital, nos últimos 24 meses, a startup comprou três empresas, uma delas foi divisão brasileira da indiana Practo, que oferece um software de gestão e agendamento online.  

Novas frentes de negócio

Com o cheque da rodada com o SoftBank, a empresa irá investir na melhoria dos seus produtos. Depois, irá entrar em novas frentes de negócio, como o mercado de serviços de pagamentos, com soluções de crédito e investimento. Outro setor no qual a startup aposta é educação. “Queremos utilizar a plataforma para distribuir conteúdo de negócios para os clientes”, diz Felipe Lourenço, fundador e presidente da iClinic.

Além disso, a healthtech planeja a criação de um marketplace voltado para pacientes e médicos. O objetivo é que o paciente saia da consulta e já consiga marcar seus exames e comprar remédios no ambiente digital. Na outra ponta, os médicos poderiam comprar suprimentos diretamente com os fornecedores do mercado de saúde. 

Essa expansão para a além do universo de software como serviço é uma forma de aumentar o potencial de crescimento da startup e ainda gerar valor com o gerenciamento de um número maior de dados sobre o ecossistema de saúde. Hoje, 23.000 médicos, em mais de 750 cidades do país, utilizam a plataforma da iClinic para atender seus pacientes.

Para ampliar a base de usuários, a startup planeja uma nova rodada de aquisições de empresas. Lourenço acredita que o mercado de software para clínicas médicas irá se consolidar nos próximos anos e quer posicionar a iClinic entre as vencedoras do processo. “Fizemos esses três primeiros testes com aquisições e achamos que agora é o momento de escalar”, diz o presidente.

Em maio, a adquirente Stone anunciou a compra da startup Vitta, dona de um software de gestão de clínicas médicas concorrente ao da iClinic. 

Do prontuário eletrônico à telemedicina

A iClinic foi criada em 2012 pelos sócios Rafael Bouchabki, Felipe Lourenço e Leonardo Berdu. Lourenço, recém formado pela Universidade de São Paulo em informática biomédica, teve a ideia para a empresa enquanto analisava as pequenas e médias clínicas médicas, que ainda realizavam a gestão empresarial com papel ou softwares antigos. 

Junto com seus dois colegas de moradia, decidiu criar a iClinic para ser uma solução completa para a gestão médica. O primeiro serviço oferecido pela empresa foi o de prontuário eletrônico. Com ele, a startup foi selecionada para um programa de aceleração de 10 meses da holandesa RockStar Accelerator. 

A partir da aceleração, os sócios foram refinando sua visão de negócio. Aos poucos, o prontuário eletrônico ganhou o serviço de agenda, de sistema de controle financeiro, de faturamento com o plano de saúde e de comunicação com o paciente. A última novidade adicionada foi a telemedicina, liberada pelas autoridades brasileiras durante a pandemia. 

Na crise, 40% da base da iClinic passou a utilizar os serviços de telemedicina. Ao todo, 10% de todos os atendimentos feitos pela plataforma hoje são remotos e duram, em média, 30 minutos. Os sócios dizem que a adoção tem sido tão positiva que eles duvidam que as autoridades retirem a autorização desse tipo de atendimento no pós-pandemia. “A telemedicina é um caminho sem volta”, diz Lourenço. 

O modelo de assinatura é flexível, então cada médico pode assinar somente a ferramenta que o interessa. A versão mais básica, apenas com o prontuário eletrônico, custa 79 reais por mês por médico. Com todas as outras soluções, a assinatura da plataforma chega a 350 reais mensais. Lourenço afirma que essa diferença nos planos permite que a iClinic cresça de faturamento sem precisar aumentar o número de clientes. “Oferecendo nossos produtos para os médicos clientes, temos potencial de triplicar a empresa”, diz o fundador. 

Planos e metas

Após três anos dobrando o tamanho da empresa, os sócios da iClinic estão confiantes de que o negócio vai crescer mais de 120% em 2020 em relação a 2019. Só na comparação entre abril, maio e junho, o crescimento foi de 400%. “Nos próximos 2 anos e meio, queremos ter 100.000 clientes. A meta é terminar 2020 com um terço desse número”, diz Lourenço. 

Para conseguir chegar a novos médicos, a empresa investe em aquisição de clientes. Nos últimos meses, um time próprio de venda direta começou a operar em quatro cidades do país apresentando a plataforma para potenciais clientes. Com o aporte, o plano é levar essa estratégia de vendas para mais cidades. Só em junho, novas 1.200 clínicas entraram para a base da iClinic. 

Atualmente, a empresa tem 110 funcionários divididos entre os escritórios de Ribeirão Preto e São Paulo. Até dezembro, o objetivo é aumentar o time para 200 pessoas e, em 2021, terminar o ano com 350 empregados. Na frente de aquisições, os planos também são agressivos. A startup hoje tem 16 alvos mapeados e pretende fechar negócio com pelo menos três empresas até dezembro deste ano.

Segundo Lourenço, o principal desafio agora é encontrar profissionais competentes para integrar o time de tecnologia da companhia, que terá bastante trabalho pela frente.

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Como comprar smartphones, computadores e tablets que durem

Quando compramos um aparelho hoje em dia, raramente acreditamos que ele vá durar.

Esperamos jogar um console de videogame apenas enquanto as empresas produzirem jogos para ele. Esperamos usar um smartphone ou um laptop apenas enquanto a bateria resistir, ou até que não possa mais rodar um software importante.

Em algum momento, achamos que devemos fazer um upgrade. Precisamos ter o melhor e mais recente modelo de câmera, e os aplicativos que funcionem mais rápido. Devemos ter telas mais brilhantes.

O negócio é o seguinte: isso é obra de profissionais de marketing, algo programado em nosso subconsciente. A realidade é que os eletrônicos de consumo, como o celular, o computador e o tablet, podem durar muitos anos. Basta uma pesquisa para comprar a tecnologia que vai durar. Esse exercício será cada vez mais importante em uma recessão induzida pela pandemia, o que forçou muitos de nós a apertar o cinto.

“É uma questão de comprar aquilo de que você precisa, e não o que a empresa alega que você precisa”, disse Carole Mars, diretora de desenvolvimento técnico e inovação do Consórcio de Sustentabilidade, que estuda a sustentabilidade dos bens de consumo.

Escolher estrategicamente a tecnologia com uma vida útil mais longa não é intuitivo. Envolve avaliar a facilidade ou não de reparar um determinado produto, e determinar quando faz sentido investir mais dinheiro. Aqui estão algumas perguntas a considerar em longo prazo.

O produto pode ser facilmente consertado?

Da próxima vez que você comprar um produto eletrônico, tente isto: antes de comprá-lo, descubra se você ou um profissional podem facilmente resolver algum problema. Se assim for, então vá em frente. Se for muito difícil, ignore-o, mesmo que seja uma opção difícil.

Vincent Lai, que trabalha para o Fixers’ Collective, um clube social em Nova York que conserta dispositivos antigos, ofereceu várias abordagens para avaliar se um aparelho pode ser facilmente consertado:

– Consulte o iFixit, site que oferece instruções sobre reparos de dispositivos. Para alguns produtos, o site abre os aparelhos e faz uma análise de sua facilidade de conserto. O iPhone SE da Apple, por exemplo, tem uma pontuação de reparo de 6 em 10 (10 sendo o mais fácil de reparar), por isso pode ser um dispositivo que vale a pena ser considerado para aqueles que buscam uma vida útil longa.

– Verifique se técnicos locais trabalham com o dispositivo. Muitos deles têm as peças e a capacidade de prestar serviços a telefones populares, como o iPhone e o Samsung Galaxy. Mas, se você quer comprar um aparelho de uma marca menos popular, como OnePlus ou Motorola, vale a pena ligar primeiro para descobrir se alguém pode consertá-lo caso algo dê errado.

– Descubra se há uma comunidade de entusiastas. Às vezes, não há assistência técnica local, mas talvez haja entusiastas que escrevam os próprios guias, que você pode seguir. Embora você provavelmente não possa encontrar alguém para consertar uma escova de dente elétrica Philips Sonicare que está fora da garantia, existem instruções sobre como fazê-lo no iFixit.

A bateria pode ser substituída?

Um dos indicadores mais claros da durabilidade de um produto é se a bateria é substituível. Os aparelhos que funcionam sem fio são alimentados por uma bateria de íons de lítio, que pode ser carregada apenas um número finito de vezes antes de se deteriorar.

Felizmente, a maioria dos telefones e laptops tem bateria que pode ser substituída por profissionais. Mas produtos mais compactos têm componentes colados e bem fechados, impossibilitando a substituição. Fones de ouvido sem fio como os AirPods da Apple e o QuietComfort 35 da Bose são exemplos de produtos populares com bateria insubstituível. Uma vez que a bateria morre, você tem de comprar outros.

Por isso, se você está comprando um produto com uma bateria – incluindo molduras digitais, câmeras de segurança sem fio e alto-falantes Bluetooth –, faça uma pesquisa na web para ver se a peça pode ser substituída. Se não, considere-o descartável.

O produto é confiável?

Como os eletrodomésticos, os produtos tecnológicos têm taxas de falha – a proporção entre unidades boas e defeituosas. Essas taxas podem dar uma noção da confiabilidade de uma marca.

A “Consumer Reports”, conhecida por publicar classificações de confiabilidade para eletrodomésticos, compila dados de confiabilidade semelhantes para smartphones, laptops, tablets, TVs e impressoras, fazendo pesquisa com seus assinantes que são usuários dos produtos.

As pessoas tendem a ter mais problemas com produtos que têm peças móveis, como impressoras com cartuchos de tinta, do que com eletrônicos como TVs ou tablets, explicou Jerry Beilinson, editor de tecnologia da “Consumer Reports”. As impressoras Brother se saíram bem nas pesquisas da publicação. Entre os telefones, Apple e Samsung tinham fortes índices de confiabilidade.

Lai, do Fixers’ Collective, recomenda uma abordagem antiquada para avaliar a confiabilidade. Ele lê fóruns web como o Reddit para ver o que as pessoas estão dizendo sobre um produto. Se um grande número de clientes relatar problemas com o dispositivo, ele o risca de sua lista.

Eu deveria gastar mais?

Outra regra a ser considerada é investir mais em um produto para fazê-lo durar. Isso não significa que você tem de comprar o celular ou o computador mais caro do mercado, mas sim investir em configurações que o farão mais feliz no longo prazo, disse Nick Guy, escritor sênior da Wirecutter, uma publicação do “The New York Times” que testa produtos.

Vamos usar o iPad como exemplo. Se você quisesse um iPad, poderia pagar US$ 329 pelo modelo básico, com 32 gigabytes de armazenamento. Mas provavelmente é melhor gastar US$ 429 no modelo com 128 gigabytes de armazenamento – isso quadruplica a capacidade, que você pode usar para manter aplicativos, jogos, fotos e vídeos para os anos seguintes.

Na linguagem tecnológica, essa estratégia é conhecida como “futureproofing” (garantia de futuro).

Se você desanima com a ideia de gastar muito, há uma maneira de contornar isso. É possível comprar o mesmo produto remodelado – o que significa que foi devolvido por um cliente e restaurado à sua antiga glória – com um desconto significativo, segundo Mars.

O software é de fácil atualização?

A maioria dos aparelhos modernos, como smartphones e tablets, não tem peças móveis, por isso seu software desempenha um papel importante na determinação de sua longevidade. Depois que uma empresa deixa de fornecer atualizações de software para um dispositivo, você pode esperar problemas – por exemplo, seus aplicativos favoritos deixam de funcionar corretamente.

É aqui que o iPhone tem uma vantagem sobre o Android. Todos os anos, quando a Apple lança um novo sistema operacional para o iPhone, ele geralmente funciona em celulares de até cinco anos atrás. (O iOS 14 da Apple, com lançamento previsto para este outono, suportará o iPhone 6S de 2015.) Isso significa que, quando você comprar um iPhone, ele provavelmente terá novos recursos e melhorias de estabilidade por pelo menos cinco anos.

Os usuários de Android terão mais dificuldades. Normalmente, os fabricantes fornecem atualizações de software para dispositivos Android por dois ou três anos.

Para contornar isso, os usuários podem recorrer à comunidade. Para alguns telefones Android, informou Lai, há entusiastas que oferecem as chamadas ROMs, sistemas operacionais personalizados que podem ser instalados para manter o software atualizado. Verifique o site XDA Developers para ver se estão desenvolvendo software personalizado para o celular Android que você pretende comprar.

O produto resolve meu problema?

Muitos dos chamados aparelhos domésticos inteligentes – aparelhos comuns com sensores sem fio e conexão à internet – oferecem benefícios interessantes, como uma geladeira com uma câmera que envia um alerta para nosso telefone quando o leite está acabando.

Basta ter em mente que produtos domésticos inteligentes podem criar mais problemas do que resolvê-los. Uma lata de lixo que abre automaticamente sua tampa quando você move a mão sobre ela pode parecer mágica, mas depende de baterias e peças móveis que acabam se desgastando.

“Se o objeto se move, se pisca, se pode se conectar à internet e coletar seus dados, é um eletrônico, e vem com todos os problemas de um eletrônico”, afirmou Mars.

A ideia fundamental é comprar aquilo de que você realmente precisa. Às vezes, um produto não inteligente serve muito bem.

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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Promessa de novo round: Eneva leva ao BNDES plano de incorporar Tietê

A tão aguardada nova proposta da Eneva pela AES Tietê chegou. Veio igual, mas diferente à tentativa frustrada apresentada em março. A intenção continua sendo incorporar a AES Tietê, como forma de transformar os acionistas minoritários da companhia em aliados no processo. Mas os valores mudaram. A nova oferta avaliou a Tietê em 7,5 bilhões de reais, 14% mais do que a anterior. Só que agora uma fatia menor será paga em dinheiro — 727,9 milhões de reais, ante 2,75 bilhões de reais da primeira versão. A parcela a ser oferecida em ações da Eneva subiu.

Está em pauta a formação da segunda maior geradora de energia privada do Brasil, com capacidade de 6.100 megawatts, e receita anual superior a 5 bilhões de reais — sem considerar os projetos em andamento em cada uma das empresas.

A oferta para todos os acionistas ainda não é oficial. Primeiro, a Eneva apresentou sua proposta ao BNDES, dentro do processo de venda da participação do banco de 28,3% do capital total da AES Tietê. Somente se a instituição de fomento disser que tem interesse de vender dentro da incorporação é que então a Eneva levará sua oferta à administração da Tietê.

“O mundo em que fizemos a oferta anterior era um e agora é outro”, afirma Marcelo Habibe, diretor financeiro da Eneva, referindo-se à pandemia e o atual cenário de maior custo de crédito. Mas, dessa vez, a companhia já está preparada para não sofrer questionamentos a respeito de sua capacidade financeira para o pagamento. “Temos 2,5 bilhões de reais em caixa”, diz o executivo ao EXAME IN. A Eneva fez duas emissões de debêntures desde que lançou a proposta anterior, uma de 490 milhões de reais e outra de 650 milhões de reais.

A oferta antiga foi retirada pela Eneva depois de uma discussão beligerante iniciada pela AES, controladora da Tietê — que, por sua vez, dizia estar apenas reagindo a uma oferta hostil. Demorou muito para vir uma nova porque os principais acionistas da Eneva, Cambuhy Investimentos e BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), estavam afinando os ponteiros a respeito da composição do pagamento para um aumento da proposta.

Antes de avançar em qualquer discussão, Habibe frisa: “Que fique muito claro. Não queremos a fatia do BNDES. Não só. Queremos tudo. Se o banco aceitar vender nessa estrutura, tentamos comprar todo mundo. Sem BNDES, o negócio morre. Nem começa.”

Considerando o fechamento das ações de quarta-feira (já que os planos da Eneva foram antecipados ontem pelo O Globo), os acionistas da Tietê, incluindo o BNDES, teriam direito a receber o equivalente a 18,66 por unit — 16,84 reais em ações da Eneva (0,32697609 a cada unit) e 1,82 real em dinheiro. Trata-se de um prêmio de quase 9% sobre o fechamento.

Se esse modelo for adiante, os acionistas da Eneva responderiam por 70% da nova companhia e os da Tietê, por 30%. A Cambuhy Investimentos, da família Moreira Salles, e o BTG  teriam sua participação na Eneva diluída dos atuais 23% cada para 16%. A americana AES, controladora da Tietê, teria 7% da empresa resultante, o BNDES ficaria com 8% e a Eletrobras, 2% — e os 13% ficariam pulverizados entre os demais acionistas.

Ainda no ringue

Na tentativa anterior, a AES iniciou uma batalha a respeito da estrutura sugerida pela Eneva. A companhia da Cambuhy e do BTG Pactual quer fazer o negócio por meio de uma incorporação porque o BNDES e os minoritários são peças vitais da empreitada. A AES tem 24,3% do capital total da Tietê, que é listada no Nível 2 de governança da B3 — segmento no qual ações preferenciais têm direito de voto em assembleias de incorporação.

Com esse modelo, a Eneva entende não depender da AES para o sucesso da transação. A AES já deu o recado lá atrás: não reconhece esse direito dos preferencialistas e promete levar a transação — ainda que uma assembleia ocorra e aprove o negócio — para a Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM). Lá atrás, o assunto foi submetido à B3, que confirmou o direito de voto dos preferencialistas nessa circunstância. Há disposição para questionar em arbitragem até mesmo o regulamento da bolsa e sua aplicação.

“Nós não seremos réus, se isso acontecer. Será uma briga entre a AES e os minoritários da Tietê”, diz Habibe. A Eneva está disposta a aguardar um debate arbitral. “Mas aí precisa ver impacto disso no preço. As concessões valem até 2029. Se durar dois anos, são dois anos a mesmo. Tem que ver quanto isso tira do valor da companhia.” Para o executivo, se a AES tem tanta certeza que o melhor para a empresa é ficar sob seu controle, deveria trabalhar para convencer os investidores e deixá-los decidir, sem medo.

Para tudo dar certo nos planos da Eneva, o BNDES precisa não apenas dizer que aceita como fazer mais um movimento. Tem que ser protagonista e pedir à administração da Tietê que convoque uma assembleia para submeter aos acionistas a proposta de incorporação da Eneva — que a tal altura terá sido formalizada.

A adesão da Tietê ao Nível 2 de governança foi um pleito do próprio BNDES à AES, em 2015, dentro de um amplo e complexo processo de reestruturação societária dos ativos da companhia americana no Brasil. O banco de fomento financiou o grupo e contribuiu para a reorganização de seus passivos por meio da aquisição de debêntures conversíveis.

O BNDES também tem nas mãos uma oferta da AES pela fatia na Tietê, conforme o EXAME IN apurou. Não está claro se a oferta foi formalizada — o prazo do processo terminou na quinta-feira. Não houve nenhum comunicado público a esse respeito até o fechamento desta matéria. Tampouco se sabe se a oferta seria por toda a participação do BNDES. A questão importa a todos não apenas por tirar a Eneva do páreo. Há expectativa de que essa aquisição poderia disparar a obrigatoriedade de uma oferta pela AES aos demais minoritários da Tietê por aumento de participação.

Fontes próximas à transação acreditam que o BNDES possa sinalizar sua posição na próxima segunda-feira, ainda que tenha solicitado aos interessados que fizessem ofertas válidas por no mínimo 30 dias. O banco não quis comentar o assunto.

Segunda temporada

Em um cenário no qual tudo se encaixe para a Eneva com o BNDES, o próximo protagonista dessa transação passa a ser a administração da Tietê. Na versão anterior, o conselho de administração da empresa se posicionou contra o negócio, de maneira unânime — o que incluiu o conselheiro independente indicado pelo banco de fomento. A lista de argumentos parecia longa, mas a parte objetiva era concentrada em duas frentes: valores e questão ambiental. Os gestores entendiam que a Eneva, que produz energia principalmente a partir de termelétricas e gás, “sujaria” a matriz de geração da Tietê, concentrada em usinas hidrelétricas e mais outras fontes renováveis.

A nova fronteira de debate jurídico vai ser uma rebimboca da parafuseta mais técnica que o debate sobre o voto da ação preferencial no Nível 2: o protocolo de incorporação. E coloca conselho e executivos da Tietê sob brilhantes holofotes. Esse é um documento que precisa ser submetido à assembleia de acionistas da Tietê para a tomada de decisões. Tem nele uma série de detalhes, que incluem o passo a passo da operação.

Predomina o entendimento no meio jurídico de que esse documento só tem validade se for assinado também pela administração da empresa incorporada, ou seja, da Tietê. Não há notícia ou jurisprudência de que algo diferente tenha ocorrido no Brasil. Aí é que a porca torce o rabo e não fica ninguém confortável na cadeira. Se o BNDES levar adiante o negócio, a administração da Tietê sofrerá todo tipo de pressão e de todas as partes — AES, BNDES, minoritários, Eneva e ela, a xerife do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ficará atenta a todos os movimentos.

A administração da Tietê, conforme reza a lei, precisa atuar no melhor interesse da companhia e de seus acionistas. Não pode defender o controlador nem a seus próprios interesses. Já passou pelo debate anterior, por exemplo, o questionamento de que a maioria do conselho da Tietê, composta por indicados da AES, recebe da matriz americana mais dinheiro do que o pacote de remuneração brasileiro. Os executivos da companhia brasileira também têm como plano de incentivo opções de ações da matriz AES. As informações estão no formulário de referência da companhia.

A questão do tal do protocolo pode dificultar a Eneva de colocar em prática uma versão mais ousada da incorporação, na qual a operação poderia ser aprovada à revelia da administração e da controladora AES, com base na vontade dos minoritários votantes — majoritários do capital total. Mas a companhia promete ter aliados na discussão. Enquanto o cenário ficou indefinido, investidores de mercado que apostavam no retorno da negociação aumentaram a participação na Tietê, que atingiu suas máximas históricas no aguardo de uma transação. “Nada, nenhum projeto ou aquisição gerou tanto valor para a AES Tietê quanto a proposta da Eneva”, destaca Habibe.

Dizem por aí, na tentativa de entender por qual razão a AES atacou com tanta voracidade o regulamento do Nível 2, que essa era a única alternativa na briga, uma vez que a matriz sabia dos limites da atuação da administração. Difícil saber, a AES não fala, só manda cartas. Consultadas, nem AES nem Tietê comentaram o assunto. Para a companhia americana, o recado servia para o próprio conselho de administração que elegeu: não reconhecerá uma operação na qual não esteja de acordo, pois quem detém o controle é ela e mais ninguém, em nenhuma circunstância.

Há alguns advogados que veem espaço para aplicação da versão radical da incorporação, mas o debate promete ser mais acirrado do que defender o direito de voto dos preferencialistas em incorporações no Nível 2. O diretor jurídico de uma companhia que tem situação semelhante à da Tietê (controlador minoritário do capital total e vizinho de nível de governança), disse ao IN: “Todo mundo tem razão nessa história: a Eneva e a bolsa, quando dizem que a preferencial vota, e a AES, quando diz que sem ela não acontece nada. Eu me sinto seguro com as regras porque existe o protocolo de incorporação. Negócios assim não acontecem sem a administração.”

Se a coisa avançar na versão mais ousada, a discussão terá muito mais atores que os participantes do negócio. Minoritários tradicionais entram na arena, assim como controladores.

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